Em primeiro lugar quero dizer que qualquer estudante de arquitectura ou arquitecto devia visitar Copenhaga. Nunca vi tão boa arquitectura concentrada. Talvez o "freak show" que é o Dubai tenha mais concentração de edifícios, mas Copenhaga apostou na arquitectura séria para o desenvolvimento da cidade.
Gostava de poder dizer o que gostei mais de visitar mas é quase impossível... Foram 10 dias a visitar edifícios, museus, jardins, parques, bares etc. Foram 10 dias a andar de manhã à noite... Foram 10 dias em que senti que aprendi mais que em 4 anos de universidade.
O objectivo que nos propuseram este semestre foi o "design universal", ou seja, design para todos ou design inclusivo. Basicamente o nosso projecto final vai ser um projecto 100% usável por toda a gente: deficientes, crianças, idosos... tem também que incluir pessoas com medos tal como a claustrofobia... é um tema muito abrangente. Devido a isto a nossa visão durante estes 10 dias esteve sempre virada para este tema, às vezes as nossas fotos ou conclusões não são as que se poderia esperar de alguém que foi visitar um novo local. Mas adiante...
A nível de museus o mais especial é sem dúvida o "Louisiana Museum of Modern Art". Van Gogh, Picasso, Miró, Chagall, Matisse, Kandinsky, Klee, Giacometti, Degas, Braque, Lichtenstein... só para enumerar alguns. É um constante "dentro/fora" de pintura, escultura e multimédia. Fica na periferia de Copenhaga e deveria ser visita obrigatória para quem estuda arte e para os outros. Conheci também uma nova artista: Pipilotti Rist. AWESOME! You should google it!
A maior lição de vida que levo daqui é de uma menina chamada Stine. A Stine tem paralisia cerebral mas não deixou de comunicar connosco através de um quadro que anda sempre com ela. Esse quadro tem símbolos para os quais ela aponta... Esses símbolos têm a tradução em letras (e assim a Stine forma palavras) ou palavras já formadas tais como sim, não, gosto, detesto etc.
A Stine disse-me que adora música, que queria ir a um concerto da Lady Gaga, colecciona perfumes, está sempre no MSN e no Facebook, sobrevoou Nova York de helicóptero, vai às compras na baixa de Copenhaga e queria levar-me a uma feira erótica. Afinal, não é assim tão diferente de nós.
Tem que haver alguém responsável por ela para todos os locais que vai pois só se movimenta de cadeira de rodas, isto faz com que tenha que pagar tudo a duplicar: bilhetes de autocarro, bilhetes para concertos, viagens... tudo. Felizmente na Dinamarca o estado ajuda... Mais ou menos como em Portugal ;)
Os projectos mais conhecidos que visitamos foi o "Museu Judeu" - Daniel Libeskind e o "Museu Ordrupgaard" - Zaha Hadid.
O Museu Judeu é uma intervenção num edifício antigo. A triangulação no chão e nas paredes faz parecer que o edifício se desloca ao mesmo tempo que nós. É um local muito pequenino mas muito diferente e interessante. As fotos ali são proibidas pelo próprio Libeskind, mas as regras foram inventadas para serem quebradas x)
O Museu da Zaha Hadid é lindissimo... Cheio de luz e de paz, é o sítio perfeito para passar uma tarde de Primavera e ficar-se um bocadinho mais culto. Infelizmente a arquitecta não pensa muito em pessoas com dificuldades e há partes do edifício que são um perigo para pessoas invisuais ou com visão reduzida ou até mesmo para crianças. De todas as formas não lhe tiro o mérito.
Por falar em crianças, fiquei feliz ao ver os museus cheios delas... Em Copenhaga os museus estão cheios de pessoas, todos os dias, e a faixa etária mais comum é dos 2 aos 6 anos. Os pais vão aos museus com os filhos e explicam-lhes aquilo que eles estão a ver. Pelo que percebi as crianças adoram. Vai levar quanto tempo para ser também assim em Portugal? Museus? Qual quê? Toca a levar as crianças ao joguinho de futebol!
Como o texto já vai longo, vou resumir as experiências mais significantes:
As pessoas em Copenhaga lutam pelos seus direitos a sério...vimos uma manifestação por causa da cimeira de copenhaga e parece que é assim sempre que alguém discorda de algo;
Fomos a um antigo talho que foi transformado em bar chamado Karriere. A decoração foi feita por um designer especialmente para aquele local. Foi fantástico!
Experimentámos estimulação sensorial em "Snoeuzelhaus"... Os resultados com pessoas mentalmente paralizadas ou para doentes com alzheimer são enormes.
Copenhaga é conhecida pelo seu enorme tráfego de bicicletas. Não podiamos deixar de experimentar! Andámos durante um dia de bicicleta. Das maiores avenidas de Copenhaga até à praia... Fomos a todo o lado.
Visitámos ateliers de arquitectos e fomos introduzidos a uma nova realidade: o mundo do trabalho. Vimos projectos já construídos e outros em vias de o serem. Ali os arquitectos têm a humildade que os arquitectos portugueses não têm... Todos estavam disponíveis para nos receber e nos explicar os projectos. Sinceramente, não há dinheiro que pague estas experiências.
Outro ponto chave, Christiania, a última comunidade hippie do mundo. É diferente de tudo o que eu imaginava, foi muito gratificante como experiência mas não voltava lá de novo... Entre fogueirinhas, olhares zangados, rusgas de droga, gritos de polícias, lamentos dos habitantes, casinhas coloridas, decorações excêntricas e cafézinhos acolhedores, viu-se de tudo!
Para finalizar... as lojas em Copenhaga! Ali tudo apela ao consumismo! As decorações das montras, as fachadas das lojas e claro, os artigos vendidos. São avenidas inteiras cheias de um bom gosto tão diferente que dá vontade de levar tudo para casa. Nós só trouxemos algumas coisas :P
Depois de Copenhaga passámos por Oslo.
A minha atenção foi para a ópera de Oslo... Para mim é dos edifícios melhor projectados de sempre! O arquitecto pensou em tudo e a sensação de estar lá dentro é um valente AHHHH...
Fiz a selecção das melhores fotos e o resultado foram duzentas... Vou eliminar mais algumas e depois posto aqui.
Em toque de acto final, um tirinho de sentimentalismo: tenho saudades! Ninguém nos manda um ovinho de Páscoa?
